domingo, 9 de agosto de 2009

Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo...







'Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta.
Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma.
Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.
E eu acho — e posso estar enganado — que é isso que você não tá conseguindo fazer.
Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda?
E não fique esperando que alguém faça isso por você.
'Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente'

[Caio Fernando Abreu]

Desculpe, estou um pouco atrasada, mas espero que ainda dê tempo...






'Quando os astronautas foram a lua
Eu fugi com eles, me joguei por aí...
Fugindo de casa, do barulho da rua
Me esquecendo de tudo pra me divertir.

Que lugar mais silencioso
Eu poderia no universo encontrar
Que não fossem os desertos da lua
Pra recompor meu mundo bem devagar...'

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara







"Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouví-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas"

[Olavo Bilac - Via láctea]

Que você me beba até a última gota e chegue até o meu fim






" Se eu tivesse mais alma pra dar
Eu daria, isso pra mim é viver "

[ Djavan - Linha do Equador ]